quinta-feira, 6 de junho de 2013

A Viagem Noturna e a Ascensão (parte 6): O Retorno


O profeta Muhammad viajou no lombo de Al-Buraq até a mesquita mais distante em Jerusalém.  Ascendeu através dos sete céus e se maravilhou com o inimaginável.  Viu os rostos e saudou muitos de seus pares, os profetas anteriores, e o servo final e mensageiro de Deus, Muhammad, esteve na presença do próprio Deus.  Na mesma noite, apenas algumas horas após ter começado sua viagem, o profeta Muhammad retornou para Meca. 
Essa viagem milagrosa estava prestes a se tornar uma arma dos inimigos contra o profeta Muhammad e seus seguidores e, da mesma forma, seria um extremo teste de fé para os crentes.  Ao voltar para casa o profeta Muhammad foi para Umm Ayman e contou a ela sobre sua viagem milagrosa.  Ela respondeu: “Ó mensageiro de Deus, não conte a ninguém sobre isso.” Umm Ayman tinha perfeita fé no profeta Muhammad e acreditava em seu relato da viagem, mas temia como os outros reagiriam.
O profeta Muhammad descreveu Umm Ayman como “minha mãe depois de minha própria mãe.” Era uma serva fiel de sua mãe Amina e permaneceu com o profeta Muhammad com as mortes da mãe e do avô dele.  O profeta Muhammad e Umm Ayman sempre foram muito próximos e na conclusão dessa magnífica viagem, ele foi para a casa dela, talvez em busca de conforto e alívio, enquanto contemplava esse milagre e decidia seu próximo passo.
O profeta Muhammad respondeu dizendo que contaria às pessoas sobre a magnífica noite.  Considerou sua responsabilidade perante Deus transmitir a mensagem, independente da reação ou consequências; Deus era responsável pelo resultado.  Deixou a casa quietamente em contemplação melancólica e foi até a mesquita sagrada.  Encontrou pessoas pelo caminho e lentamente as notícias da viagem noturna se espalharam.

A Reação

Enquanto o profeta Muhammad estava sentado em silêncio na mesquita, Abu Jahl se aproximou dele e perguntou de forma casual: “Ó Muhammad, alguma novidade?” Conhecido como um dos maiores inimigos do Islã, Abu Jahl foi responsável pela tortura, punição, assassinato e assédio dos novos muçulmanos nos primeiros dias do Islã.  Embora estivesse ciente da animosidade e ódio que Abu Jahl sentia em relação a ele, o profeta Muhammad respondeu de forma verdadeira e disse: “Essa noite viajei a Jerusalém e voltei”.
Abu Jahl, incapaz de conter seu divertimento, respondeu pedindo a Muhammad que repetisse essas palavras na frente do povo de Meca.  O profeta Muhammad respondeu na afirmativa e Abu Jahl deixou a mesquita correndo, chamando as pessoas à medida que corria pelas ruas.  Quando pessoas suficientes tinham se reunido na mesquita, a pedido de Abu Jahl o profeta Muhammad disse para todos ouvirem: “Estive na mesquita de Jerusalém e voltei”.
A multidão começou a gargalhar, assobiar e bater palmas.  Trataram como uma grande piada e caíram de tanto rir.  Essa era a reação esperada por Abu Jahl e ele estava muito feliz.  Os descrentes na multidão viram uma chance de dar um fim ao Islã.  Ridicularizaram e depreciaram a alegação do profeta Muhammad.  Entre a multidão estavam pessoas que tinham viajado até Jerusalém e elas pediram ao profeta Muhammad para descrever o que tinha visto.
O profeta de Deus começou a descrever sua viagem, mas ficou irritado.  Ele tinha passado pouco tempo em Jerusalém e a natureza milagrosa de suas viagens significavam que ele não lembrava de pequenos detalhes e descrições.  Entretanto o profeta Muhammad nos conta que Deus mostrou a ele os detalhes “bem na frente de seus olhos” e ele descreveu o que tinha visto “pedra por pedra, tijolo por tijolo”.  Os viajantes confirmaram suas descrições.  (Saheeh Bukhari)
Existe outra narração[1] que diz que enquanto viajava de volta para Meca, o profeta Muhammad passou sobre uma caravana. Foi capaz de descrever claramente.  A caravana havia perdido um camelo e o profeta Muhammad chamou do céu dizendo onde estava o camelo. Ele também bebeu do suprimento deles de água.
O povo de Meca imediatamente despachou alguém para encontrar a caravana antes que ela entrasse na cidade para fazer perguntas sobre a noite anterior.  Eles confirmaram que uma voz estranha disse o local do camelo perdido e que parte de seu suprimento de água havia desaparecido.  Ainda assim essas confirmações não foram suficientes.  As pessoas zombaram, riram e não acreditaram nas palavras do profeta de Deus.  Esse evento milagroso foi um grande teste de fé que até alguns dos novos muçulmanos descreram e se afastaram da fé do Islã.

A Doçura da Fé

Para aqueles cuja fé era forte e verdadeira o poder de Deus era óbvio.  Alguns entre os que acharam toda a história difícil de acreditar foram ver Abu Bakr, o melhor amigo e apoiador leal do profeta Muhammad.  Perguntaram se ele acreditava que o profeta Muhammad tinha viajado até Jerusalém e voltado à Meca em uma noite.  Sem hesitação Abu Bakr respondeu: “Se o mensageiro de Deus disse isso, então é verdade”.  Foi por causa dessa ocasião que Abu Bakr recebeu o título de As-Sidiq (o principal crente).  Esse foi um momento crucial para muitos muçulmanos; depois já enfrentar a tortura física e abuso dos descrentes, agora tinham que lutar com um conceito além de suas mais extraordinárias imaginações.  Alguns fracassaram, mas muitos se elevaram a novas alturas e foram capazes de provar a doçura da verdadeira submissão ao Deus Único.
A viagem à noite, da mesquita sagrada em Meca até a mesquita mais distante em Jerusalém e a ascensão através dos céus e até a presença de Deus Todo-Poderoso, foram milagres concedidos por Deus ao Seu servo final e profeta, Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, e uma das maiores honras concedidas a qualquer humano.


Footnotes:
[1] The Biography of Prophet Muhammad (A Biografia do Profeta Muhammad) por ibn Hisham.

A Viagem Noturna e a Ascensão (Parte 5): Na Presença de Deus


Além da árvore de lótus, a fronteira suprema é um lugar em que, com uma única exceção, nenhum humano jamais esteve.  A viagem noturna e a ascensão através dos céus culminaram com o profeta Muhammad atravessando a fronteira suprema e se apresentando na presença de Deus Todo-Poderoso.  Além da árvore de lótus é a região da Outra Vida, do Paraíso, do trono de Deus e do próprio Deus.
A palavra milagre não é suficiente para descrever a maravilha que deve ter sido para o profeta Muhammad.  É além de descrição e imaginação. Entretanto, o profeta Muhammad não viu Deus com seus olhos, como Deus nos conta no Alcorão:
“Os olhares não podem percebê-Lo.” (Alcorão 6:103)
Um dos companheiros perguntou ao profeta Muhammad diretamente se ele tinha visto Deus, ao que ele respondeu:
“Ele é velado pela luz e eu não pude vê-Lo.” (Saheeh Muslim)
Permanece o fato, entretanto, que Muhammad, o profeta de Deus, se apresentou na presença de Deus.

A Importância da Oração

Deus falou ao profeta Muhammad e não temos detalhes da troca exceto que Deus determinou as orações diárias para o profeta Muhammad e seus seguidores.  A partir disso, imediatamente compreendemos a importância da oração.  É o único mandamento que Deus ordenou nos céus; todos os outros decretos se originaram na terra.  A oração é uma dádiva de Deus para aqueles que verdadeiramente crêem em Sua Unicidade.   Deus concedeu essa dádiva ao profeta Muhammad que, por sua vez, a deu aos seguidores do Islã.  É uma dádiva cheia de grandes bênçãos e graças.  Estabelece e mantém nossa conexão com Deus.  Deus não precisa de nossas orações, mas nós, como seres humanos impotentes, precisamos muito de nos sentir conectados a Ele.  De fato, a palavra árabe para as cinco orações diárias é salah, que vem da palavra raiz que significa “conexão”.
“Observai as orações, especialmente as intermediárias, e consagrai-vos fervorosamente a Deus.” (Alcorão 2:238)
Deus determinou 50 orações para o profeta Muhammad e seus seguidores.  Quando o profeta Muhammad estava descendo passou pelo profeta Moisés que pediu para saber o que havia sido determinado.  Quando o profeta Muhammad explicou que lhe tinha sido ordenado orar 50 vezes por dia, Moisés ficou atônito e imediatamente disse: “Volte para seu Senhor e peça uma redução”.  Quando Deus prescreveu 50 orações o profeta Muhammad aceitou, mas Moisés, sendo ele próprio um grande profeta, sabia a partir de seus seguidores com o que as pessoas podiam e não podiam lidar em relação a obrigações religiosas. Estava certo que os seguidores de Muhammad não seriam capazes de realizar tantas orações.  O profeta Muhammad tinha conhecimento, mas o profeta Moisés nessa época tinha mais experiência.
O profeta Muhammad aceitou o conselho de seu irmão mais velho/profeta, voltou para a presença de Deus e pediu uma redução.  Deus as reduziu para quarenta orações.  O profeta Muhammad desceu novamente e o profeta Moisés lhe perguntou o que tinha acontecido.  Ao ouvir que a redução era de apenas dez, o profeta Moisés o enviou de volta para pedir novamente mais redução.
Essa troca continuou até que o número de orações obrigatórias se tornou cinco.  O profeta Moisés sugeriu mais uma redução, dizendo: “Ó Muhammad, conheço seu povo e sua nação não será capaz de lidar com isso. Volte e peça que o encargo sobre seu povo seja aliviado.” O profeta Muhammad respondeu: “Não”.  Sentia-se envergonhado de pedir mais redução e disse que estava satisfeito com cinco orações diárias.  Uma voz ressoou, dizendo: “As orações foram reduzidas para cinco, mas eles serão recompensados como se fossem cinquenta”.  Deus deixou claro para nós que mesmo fazer essas cinco orações pode ser difícil para algumas pessoas, mas aqueles que estabelecerem a conexão e confiarem que um dia encontrarão seu Senhor as acharão fáceis.
“Amparai-vos na perseverança e na oração. Sabei que ela (a oração) é carga pesada, salvo para os humildes, que sabem que encontrarão o seu Senhor e a Ele retornarão.”  (Alcorão 2: 45-46)

Misericórdia, Amor e Compaixão

Essa noite milagrosa foi concluída com esse sinal da misericórdia de Deus.  Imagine como seria difícil orar 50 vezes ao dia.  Embora tenhamos aprendido durante essa viagem que Moisés chorou quando percebeu que o profeta Muhammad teria mais seguidores que ele no Dia do Juízo, também aprendemos o quanto o profeta Moisés estava ansioso para aconselhar o profeta Muhammad e o quanto estava empenhado em facilitar a prática do Islã para os crentes.  A competição entre os profetas era de amor e compaixão e disso aprendemos como tratar uns aos outros.  Embora Deus nos diga para competirmos uns com os outros em atos de virtude, devemos encorajar e capacitar uns aos outros a fazer isso de forma fácil.
“Emulai-vos, pois, na benevolência, porque todos vós retornareis a Deus, o Qual vos inteirará das vossas divergências.”  (Alcorão 5:48)
O profeta Muhammad então desceu para a mesquita sagrada em Meca.  Os companheiros do profeta estavam agora prestes a enfrentar o maior teste de fé até então.  Muhammad, o profeta de Deus, estava prestes a revelar que tinha retornado de uma viagem noturna até a masjid mais distante de Jerusalém, uma viagem que normalmente levava mais de um mês.  Também estava prestes a dizer que havia viajado para onde nenhum homem tinha ido antes, através dos céus e na presença de Deus.  Essa foi uma viagem milagrosa à noite, mas seus companheiros acreditariam nele? E como seus inimigos reagiriam?

A Viagem Noturna e a Ascensão (Parte 4): O Sétimo Céu


O anjo Gabriel e o profeta Muhammad continuaram a ascensão milagrosa através dos céus.  Essa viagem estava muito além da mais extravagante imaginação de qualquer ser humano.  Começou nos desertos da Arábia e foi além do universo conhecido.  No portão do sétimo céu trocaram as mesmas perguntas e respostas anteriores e os anjos declararam sua satisfação em encontrar o profeta Muhammad.  Foi dada permissão para entrarem e o profeta de Deus, acompanhado de Gabriel, o anjo confiado com as revelações de Deus, entraram no último céu.
O sétimo céu é uma expressão usada pelos cristãos para denotar felicidade ou bênção extrema, como em “estou no sétimo céu”.  No Islã o sétimo céu é onde o profeta Muhammad encontrou o profeta Abraão; e, de fato, ele (Muhammad) deve ter ficado extremamente feliz e em estado de bênção, tendo sido honrado com sua viagem de maravilhas.  Os profetas trocaram saudações dizendo Assalamu alaikum (que a paz esteja contigo) e, como todos os outros profetas tinham feito, o profeta Abraão expressou sua crença e fé na missão profética de Muhammad.
Através de seu filho Ismael, Abraão é o pai dos árabes e ancestral do profeta Muhammad; é um ancestral do povo que se tornou os Filhos de Israel (seguidores do profeta Moisés) através de seu filho Isaque.  Nas tradições judaicas Abraão é chamado de pai dos judeus.  Entretanto, o Islã rejeita essa idéia porque o Alcorão afirma claramente que ele não era judeu ou cristão, mas um crente no monoteísmo puro (crença no Único Deus).
“Ó Povo do Livro, por que discutis acerca de Abraão, se a Tora e o Evangelho não foram revelados senão depois dele?Por que discutis, então, sobre coisas das quais não tendes conhecimento algum? Abraão jamais foi judeu ou cristão; foi, outrossim, monoteísta, muçulmano [muslim Hanifa], e nunca se contou entre os idólatras.” [1] (Alcorão 3:65-67)
É exigido dos muçulmanos que acreditem em todos os profetas de Deus; Abraão, entretanto, detém um lugar especial como um dos mensageiros importantes de Deus e tem a honra única de ser chamado, tanto nas tradições islâmicas quanto cristãs[2], de servo amado de Deus.  Juntos, Abraão e seu filho Ismael construíram a Caaba (a construção em forma de cubo negro no meio da Masjid sagrada em Meca).
“E quando Abraão e Ismael levantaram os alicerces da Casa, exclamaram: Ó Senhor nosso, aceita-a de nós pois Tu és Oniouvinte, Sapientíssimo.” (Alcorão 2:127)
Os muçulmanos voltam seus rostos para a Caaba muitas vezes todos os dias enquanto realizam suas orações e, em cada oração, pedem a Deus que abençoe Abraão e sua família.

O Mundo dos Anjos

Enquanto estava no sétimo céu o profeta Muhammad conheceu a construção conhecida como a casa muito frequentada ou al Bayt al-Mamoor, em árabe.  É adequado que o profeta Abraão estivesse com essa casa, já que é o equivalente celestial da Caaba em Meca.  A cada ano no período de peregrinação (Hajj), mais de 2 milhões de muçulmanos de todo o mundo se reúnem em Meca para seguir os passos do profeta Abraão e realizar certos rituais, incluindo circundar a Caaba.  Todo dia 70.000 anjos visitam essa casa muito frequentada no sétimo céu para adorar Deus.  O profeta Muhammad nos informou que, uma vez que os anjos tinham visitado a Bayt al-Mamoor, nunca retornavam.  Deus jura por essa casa no Alcorão.
“Pelo templo frequentado (Bayt al-Mamoor).” (Alcorão 52:4)
Setenta mil anjos todos os dias!  Quais são as implicações disso?  Pense sobre isso e imagine por quantos muitos milhares ou até milhões de anos isso vem acontecendo?  Quantos desses seres, criados por Deus a partir da luz, existem?  Essa foi outra maravilha que o profeta Muhammad teve o privilégio de ver e ser capaz de descrever para nós.  Em suas tradições ele também nos informa que os céus sobre nós estão se lamentando, com cada espaço da largura de quatro dedos ocupado por um anjo adorando Deus.

A Fronteira Suprema

O profeta Muhammad então se moveu através do sétimo céu para a fronteira suprema, para Sidrat al-Muntaha, uma árvore de lótus.
“Junto a Sidrat al-Muntaha (limite da árvore de lótus). Junto ao Paraíso.” (Alcorão 53:14-15)
Ele descreveu seus frutos como cântaros e suas folhas como tão grandes quanto as orelhas de um elefante.  Quatro rios se originam das raízes da árvore de lótus.  Quando perguntou sobre eles, foi dito ao profeta Muhammad que dois dos rios se originaram no Paraíso.  Nada nos chegou sobre os nomes e importância desses dois rios da narrativa da ascensão.  Entretanto, lhe foi dito que os outros dois rios eram réplicas do Nilo e do Eufrates, dois rios que são especialmente abençoados nesse mundo.
Sidrat al-Muntaha é chamada a fronteira suprema porque tudo que sobe da terra ou dos céus para lá e tudo que desce para lá[3] e por causa do conhecimento dos anjos para naquele ponto.  Ninguém foi além disso, exceto o profeta Muhammad.[4] Além desse ponto, deixamos os céus e entramos na região da Outra Vida, a região que contém o Paraíso e o Trono de Deus.  À medida que o profeta Muhammad continua sua viagem milagrosa, entra nessa região e fica na presença de Deus Todo-Poderoso.


Footnotes:
[1] A palavra Muslim (muçulmano) denota um homem que se submete somente a Deus, enquanto que Hanifa significa pureza, verdade e sinceridade. O dicionário árabe atribui à palavra ortodoxo uma das denotações de Hanifa, mas é mais que ortodoxia. É uma ortodoxia não ensinada; um sentido de natureza verdadeira das coisas que é instintiva e natural.
[2] Isaías 41:8 & 2.
[3] Saheeh Muslim
[4] Imame Al-Nawawi

A Viagem Noturna e a Ascensão (Parte 3): A Ascensão


A Viagem Noturna e a Ascensão foram uma grande bênção concedida a Muhammad, o profeta de Deus.  Foi uma viagem que começou na Masjid sagrada em Meca, dirigiu-se à Masjid al-Aqsa em Jerusalém e, finalmente, continuou através dos sete céus até a presença de Deus, o Todo-Poderoso.  À medida que viajamos através dos sete céus com o profeta Muhammad é importante lembrar que os lugares que ele visita não são parte do Paraíso.
Geralmente usamos a palavra céu para significar o plano espiritual de felicidade eterna, a recompensa para uma vida virtuosa e o oposto de inferno, o local de punição eterna.  Entretanto, nem sempre foi esse o caso; a palavra céu, do latim caelu, referia-se à área acima da terra onde estão os corpos celestiais.  Mas com o passar do tempo céu passou a significar também Paraíso.  Em árabe, entretanto, sempre existiram duas palavras separadas, sama e jennah.  A palavrasama é usada para os céus acima de nós e eles são parte do mundo temporário que será destruído no Dia do Juízo.  A palavra jennah, entretanto, denota Paraíso, a terra de bênção eterna, o lar permanente dos crentes virtuosos e o oposto de Inferno.
“Assim, completou-os, como estes céus, em dois dias, e a cada céu assinalou a sua ordem. E adornamos o firmamento terreno com luzes, para que servissem de sentinelas. Tal é o decreto do Poderoso, Sapientíssimo.” (Alcorão 41:12)
“O seu Senhor lhes anuncia a Sua misericórdia, a Sua complacência, e lhes proporcionará jardins, onde gozarão de eterno prazer. Onde morarão eternamente, porque com Deus está a magnífica recompensa.” (Alcorão 9:21-22)

As Maravilhas de Deus

O profeta Muhammad ascendeu aos céus a partir da rocha agora abrigada no domo dourado que se tornou símbolo de Jerusalém.  Essa é uma viagem que nenhum outro humano jamais havia feito ou fez desde então.  Demonstra a habilidade de Deus de fazer o que parece impossível.  Aqui, os conceitos de tempo e espaço como conhecemos não se aplicam e está além de nossas capacidades humanas compreendermos a verdadeira onipotência de Deus.  Em seus ditos e tradições o profeta Muhammad descreveu o tamanho dos céus; o primeiro céu, comparado com o segundo, é semelhante a um pequeno anel no deserto; ele continuou essa narrativa até que descreveu o sexto céu como sendo do tamanho de um anel no deserto, comparado com o sétimo céu.  A magnitude disso é inimaginável.  Nossa terra e o que chamamos de universo está contido dentro do primeiro céu.  Mesmo com o conhecimento científico do século 21, não temos idéia de sua dimensão, do quanto o universo se estende ou que maravilhas contêm.
O profeta Muhammad viajou com o anjo Gabriel até o mais alto dos céus.  Juntos chegaram ao portão do primeiro céu, onde o anjo Gabriel pediu permissão para entrar.  Os guardiões perguntaram: “Quem é?”, ao que Gabriel respondeu: “Sou eu, Gabriel.” Os guardiões então perguntaram quem o acompanhava; quando lhes foi dito que era Muhammad, perguntaram se ele tinha recebido permissão para guiar toda a humanidade para a adoração do Deus Único.  O anjo Gabriel respondeu em afirmativa e assim os anjos deram as boas vindas ao profeta Muhammad, disseram que sua chegada era um prazer e abriram o portão.

Saudando os Profetas

O profeta Muhammad nos conta que viu seu pai Adão, o pai de toda a humanidade.  Ele o saudou com a saudação de todos os muçulmanos - Assalamu alaikum (que a paz esteja contigo).  Adão retornou a saudação e expressou sua fé na missão profética de Muhammad.  Chamou-o de filho puro, o profeta puro.  Imagine o prazer que esse encontro deve ter dado a ambos.  Após milhares de anos, Adão foi capaz de ver seu filho Muhammad, o maior de seus descendentes.  Muhammad foi capaz de olhar nos olhos do pai da humanidade.  As maravilhas, entretanto, estavam apenas começando.  O anjo Gabriel e o profeta Muhammad então ascenderam ao segundo céu.
No portão o anjo Gabriel, mais uma vez, pediu permissão para entrar.  Quando os guardiões souberam que o profeta Muhammad tinha recebido sua missão e estava tentando entrar, deram a ele as boas vindas e abriram o portão.  Lá o profeta Muhammad viu os dois primos, o profeta João (conhecido nas tradições cristãs como o Batista) e o mensageiro de Deus, o profeta Jesus; o profeta Muhammad trocou saudações com eles.
O profeta Muhammad e o anjo Gabriel ascendeu mais uma vez aos portões do terceiro céu.  Em cada portão a mesma troca ocorria.  Quando os guardiões tomavam conhecimento de que era o anjo Gabriel na companhia do profeta Muhammad, que tinha de fato recebido sua missão, davam permissão para entrar.  Aqui, no terceiro céu, o profeta Muhammad encontrou José e o descreveu como uma personificação de metade de toda a beleza.
À medida que o profeta Muhammad encontrava profetas em cada céu e trocava saudações com eles, era sempre Assalamu alaikum, a saudação de paz usada por todos que se submetem ao Verdadeiro e Único Deus.  No quarto céu o profeta Muhammad encontrou o profeta Idris, a quem Deus descreveu no Alcorão (19:57)como sendo elevado a um nível muito alto.  No quinto céu ele encontrou o profeta Aarão, o irmão de Moisés.  A cada encontro os profetas expressavam sua fé na missão profética de Muhammad.  No sexto céu o profeta Muhammad encontrou Moisés.
Sempre que o profeta Moisés é mencionado no Alcorão ou nas narrações do profeta Muhammad, sabemos que algo importante está prestes a ser descrito.  Após os dois profetas terem trocado saudações e o profeta Moisés expressado sua fé na missão profética de Muhammad, Moisés começou a chorar.  Quando lhe foi perguntado por que, ele respondeu: “Um rapaz veio depois de mim e mais seguidores dele do que meus entrarão no paraíso”.
Até o advento do Islã, o profeta Moisés tinha tido o maior número de seguidores do que qualquer profeta.  Moisés chorou e, a partir disso, podemos entender que houve um tipo de rivalidade entre os profetas, mas não uma competição cheia de ciúme ou inveja. Ao invés disso, foi cheia de compaixão.  Quando prosseguirmos com a viagem, veremos o amor e compaixão que o profeta Moisés tinha por Muhammad e seus seguidores.  O profeta Muhammad e o anjo Gabriel então ascenderam ao sétimo céu.

A Viagem Noturna e a Ascensão (Parte 2): Masjid Al-Aqsa


Essa foi uma época difícil na vida do profeta Muhammad e essa jornada foi uma grande homenagem para ele.  A transmissão da mensagem estava entrando em uma nova fase e o estabelecimento da nação muçulmana estava prestes a começar.  O profeta Muhammad estava se sentindo sobrecarregado e sozinho.  A vasta maioria dos mecanos tinha se recusado a ouvir seu chamado ou aceitar sua mensagem.  Tanto seu amado tio quanto sua querida esposa tinham morrido e esse presente de Deus lhe ofereceu apoio e abriu seus olhos para os sinais e maravilhas do universo.  Depois de viajar a enorme distância para Jerusalém no lombo de al-Buraq, o profeta Muhammad alcançar a área conhecida como Masjid al-Aqsa. Desmontou e amarrou al-Buraq a um elo no portão.

Outro Milagre Acontece

O profeta Muhammad entrou na Masjid - o lugar de prostração - sendo recebido por um grupo dos profetas anteriores; ele então teve a grande honra de liderá-los na oração.  Deus recompensou Seu mensageiro e fez com que entendesse que os profetas antes dele também passaram por tempos difíceis pregando aos seus povos.  Ficaram atrás do profeta Muhammad e o reconheceram como seu líder.  Essa foi outra indicação de sua importância e excelência e também da natureza de sua mensagem.
Antes do advento do profeta Muhammad todos os profetas transmitiram suas mensagens de submissão ao Deus Único para seu próprio povo; Muhammad, entretanto, tinha vindo para toda a humanidade.  Deus Se refere a ele como uma misericórdia.  Deus diz no Alcorão:
“É todo ouvidos sim, mas para o vosso bem; crê em Deus, acredita nos crentes e é uma misericórdia para aqueles que, de vós, crêem!” (Alcorão 9:61)
A mensagem era internacional e essa comunicação distribuída em todo o mundo era o Islã.  Os profetas de Deus ficaram atrás do mensageiro mais novo e final de Deus e o apoiaram quando sua necessidade foi maior.  O profeta Muhammad menciona em seus ditos que todos os profetas são irmãos.[1] Essa congregação de pé atrás do profeta Muhammad foi um sinal de irmandade real e eterna.

O Significado de Al-Aqsa

O fato de que essa ocasião momentosa ocorreu em Jerusalém também é significativo.  Essa é a terra dos profetas de Deus; é a terra de Abraão, Moisés e Jesus. Deus estava forjando um elo entre sua Casa Sagrada em Meca e Masjid Al-Aqsa em Jerusalém.  Deus também estava vinculando o chamado berço da religião, a Terra Sagrada ao redor de Jerusalém, com a terra da Arábia, o local de nascimento da religião designada pelo Criador para toda a humanidade, o Islã.
Deus estabeleceu Al-Aqsa como uma das três Masjids sagradas no Islã.  A Masjid sagrada em Meca, a Masjid do profeta Muhammad, ainda a ser estabelecida em Medina, e essa Masjid nessa vizinhança abençoada de Jerusalém.  Somente para essas três masjids os muçulmanos podem viajar com o propósito de adoração.[2] Uma oração na Masjid Al-Aqsa equivale a 250 orações em qualquer outro lugar, excluindo a Masjid do profeta, onde uma oração equivale a 1.000 orações e a Masjid sagrada em Meca, onde uma oração contém a recompensa de 100.000 orações.[3] Deus enfatizou o significado e santidade da Masjid Al-Aqsa, e por essa razão ela desempenha um papel importante na vida de um muçulmano.   Por isso é guardada e protegida zelosamente.
Al-Aqsa foi a primeira qiblah (a direção para onde os muçulmanos se voltam para orar) no Islã, mas essa direção foi mudada posteriormente para a Masjid sagrada em Meca.  É difícil estabelecer a data exata dessa mudança, mas a partir de evidência podemos descobrir aproximadamente quando ocorreu, porque a missão do profeta Muhammad é dividida em dois períodos distintos.  O período mecano, definido pelo chamamento das pessoas à religião do Islã e o período medinense, definido pelo estabelecimento do estado muçulmano.  O profeta Muhammad e a maioria de seus seguidores migraram para a cidade de Medina no 14º ano da missão profética.
A Viagem Noturna e a Ascensão ocorreram no final do período mecano, enquanto que a mudança da qiblah para Meca aconteceu cerca de 15 meses depois da migração do profeta para Medina.  A partir disso, podemos inferir que os muçulmanos se voltaram para Al-Aqsa quando oravam por aproximadamente três anos, antes de Deus mudar a direção para Meca.  Isso de forma algum diminui o significado de Jerusalém ou da Masjid Al-Aqsa; representa meramente outro passo no estabelecimento da mensagem para toda a humanidade.  A Masjid sagrada em Meca foi fixada como ponto central no Islã.

A Viagem e o Milagre Continuam

Enquanto estava nos arredores sagrados da Masjid Al-Aqsa, o anjo Gabriel apresentou ao profeta Muhammad duas xícaras.  Uma estava cheia de leite e a outra com vinho e ambas foram oferecidas ao profeta.  O profeta Muhammad escolheu e bebeu o leite.  O anjo Gabriel então disse a ele: “Agradeça a Deus, que o guiou para a fitrah; se tivesse escolhido o vinho, seus seguidores teriam se desviado”.[4] É difícil traduzir a palavra árabe fitrah; ela denota o estado natural e puro no qual nascemos, um sentimento inato que orienta a fazer a coisa “certa”.  O profeta Muhammad instintivamente escolher o certo sobre o errado, o bem sobre o mal e a Senda Reta ao invés do caminho desviado para o inferno.
Foi a partir da cidade sagrada de Jerusalém, nos arredores sagrados da Masjid Al-Aqsa[5], que o profeta Muhammad começou a próxima etapa de sua milagrosa Viagem Noturna.  O profeta Muhammad ascendeu ao nível mais baixo do paraíso a partir de uma rocha.  Essa rocha pode ser encontrada dentro do Domo da Rocha, o símbolo mais famoso de Jerusalém.  Não deve ser confundido com o prédio atual da masjid, que fica no outro lado do complexo de Al-Aqsa.  Todo o complexo é a masjid, mas existem muitas construções separadas.  É importante lembrar que embora o Domo da Rocha esteja dentro do complexo da masjid, não é a Masjid Al-Aqsa e não é o lugar de prostração onde o profeta Muhammad liderou os profetas anteriores em oração.  A partir da rocha, agora coberta pelo familiar domo dourado, o profeta Muhammad ascendeu ao nível mais baixo do paraíso na companhia do anjo Gabriel.


Footnotes:
[1] Saheeh Al-Bukhari
[2] Saheeh Al-Bukhari e Muslim
[3] Saheeh al-Hakim
[4] Saheeh Bukhari
[5] O complexo também é conhecido como “Monte do Templo” no ocidente, por causa do templo que Salomão construiu lá.

A Viagem Noturna e a Ascensão (Parte 1).

A viagem do profeta e mensageiro, Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, à noite da mesquita sagrada de Meca até a mesquita em Jerusalém foi um milagre concedido a ele por Deus.  É a primeira parte de uma noite de admiração e estupefação, que culmina na ascensão do profeta Muhammad através dos céus chegando até a presença de Deus.
“Glorificado seja Aquele que, durante a noite, transportou o Seu servo, tirando-o da Sagrada Mesquita (em Meca) e levando-o à Mesquita de Alacsa (em Jerusalém), cujo recinto bendizemos, para mostrar-lhe alguns dos Nossos sinais[1]. Sabei que Ele é Oniouvinte, o Onividente.” (Alcorão 17:1)
Foi uma viagem física e todos os eventos a serem descritos ocorreram em uma noite.
Essa série de artigos usará a palavra masjid ao invés de sua tradução, mesquita.  A razão para isso é que a palavra masjid implica muito mais que a construção reconhecível onde os muçulmanos oram.  A palavra masjid vem da raiz“sa-ja-da” que significa “se prostrar” e, consequentemente, uma masjid é qualquer lugar de prostração.  O profeta Muhammad nos disse “que a terra foi feita uma masjid para mim.” [2] Essa dádiva de Deus foi dada somente à nação de Muhammad.
Um muçulmano pode orar em qualquer lugar que não seja impuro (com algumas poucas exceções).  Existem construções especificamente para oração, mas qualquer lugar em que um muçulmano ore é uma masjid, no sentido literal - um lugar de prostração.  O ato da prostração é a parte mais honrada da oração.  Quando a testa de um muçulmano toca o solo, ele ou ela está muito próximo de Deus.  A oração estabelece a conexão entre o crente e seu Senhor e foi nessanoite milagrosa que as cinco orações diárias foram estabelecidas.
Na história a seguir você aprenderá um pouco mais sobre esse homem chamado Muhammad e entender um pouco sobre porque os muçulmanos o amam.  Também descobrirá porque a Masjid al-Aqsa em Jerusalém é uma das três masjids sagradas no Islã.  Deus Se refere à Jerusalém no Alcorão como “a vizinhança que abençoamos.” O Domo da Rocha, parte dos arredores da Masjid al-Aqsa, é o símbolo mais reconhecível de Jerusalém e ocupa um lugar especial nos corações de todos os muçulmanos.  Nessa viagem que estamos prestes a empreender, você aprenderá por que.  Então, vamos viajar através dos tempos para a Arábia do século 7, na cidade de Meca e acompanhar o profeta Muhammad nessa viagem noturna e ascensão.

A Viagem Começa

Aproximadamente dez anos após o profeta Muhammad receber as primeiras revelações do Alcorão, ele sofreu duas grandes perdas.  Uma foi a morte de seu tio Abu Talib, o homem que o havia apoiado e amado desde a época em que era um jovem órfão e, apenas dois meses depois, a amada esposa de Muhammad, Khadija, morreu.  Esse ano ficou conhecido como o Ano da Tristeza.
Nos anos que se seguiram a esses tristes eventos, os novos muçulmanos, especialmente o profeta Muhammad, foram perseguidos, ridicularizados e abusados.  A força e lealdade de seu tio combinado com o amor e compaixão demonstrados a ele por Khadija o ajudavam a se manter forte e a continuar propagando a mensagem em face de grande adversidade.  Entretanto, ele agora se sentia sozinho e extremamente dominado por sua tristeza.
Quando alguém verdadeiramente se rende a Deus, as dores e tristezas dessa vida forma parte de um teste de fé e esses testes são sempre seguidos por alívio.  No capítulo 94 do Alcorão, chamado O Conforto, Deus assegura ao profeta Muhammad que com cada adversidade vem o alívio e Ele repete isso uma segunda vez com ênfase - com cada adversidade vem o alívio.  Depois desse ano extremamente difícil o profeta Muhammad sentiu seu alívio na forma de uma bênção maior, a Viagem Noturna e Ascensão.
“Em verdade, com a adversidade está a facilidade! Certamente, com a adversidade está a facilidade!” (Alcorão 94:4-6)
Embora fosse perigoso e arriscasse um ataque pelos pagãos de Meca, o profeta Muhammad com frequência passava a noite em oração na masjid sagrada em Meca.  Nessa noite particular ele estava deitado próximo à Caaba (o cubo negro no meio da masjid) em um estado de sonolência.  Um anjo veio e abriu seu peito da garganta até abaixo do estômago.  O anjo removeu o coração do profeta Muhammad e o colocou em um vaso de ouro cheio de fé, o coração foi purificado, preenchido (com fé) e devolvido ao seu lugar.[3]
Não foi a primeira vez que um anjo desceu e extraiu o coração de Muhammad.  Quando era criança, Muhammad viveu nos desertos da Arábia com uma família adotiva de acordo como era costume, porque o ambiente do deserto era conhecido por ser muito mais saudável e mais adequado para o desenvolvimento do que as cidades.  Quando tinha quatro ou cinco anos de idade e brincava nesse deserto com seus jovens amigos, o anjo Gabriel apareceu, removeu o coração de Muhammad e extraiu dele uma parte, referindo-se a ela como “uma parte de Satanás”.  O anjo Gabriel lavou o coração com a água de zamzam (o poço de Meca que jorrou para saciar a sede de Ismael) e o devolveu ao seu lugar.  As outras crianças correram gritando, pensando que Muhammad estava sendo assassinado, mas quando voltaram com o socorro ele estava sozinho, assustado e pálido, mas com somente uma pequena marca do acontecido.[4]
A missão do profeta Muhammad era guiar toda a humanidade para a adoração do Deus Único, assim cada aspecto de sua vida formou parte do plano de Deus para prepará-lo para essa grande responsabilidade.  Quando criança a parte deSatanás foi removida de seu coração e como adulto, prestes a empreender a construção da nação muçulmana, seu coração foi purificado e preenchido com fé pura.  A próxima parte dessa noite milagrosa começou.
O profeta Muhammad foi apresentado a um animal branco que ele descreveu como sendo menor que um cavalo, mas maior que um jumento, que ficou conhecido como al-Buraq.  Esse animal, ele disse, podia dar uma passada na medida do que podia ver.   Com um pulo, al Buraq podia cobrir uma distância incrivelmente vasta.[5] O anjo Gabriel disse ao profeta Muhammad para montar o animal e juntos viajaram mais de 1.200 km para a masjid mais distante - a Masjid al-Aqsa.
O profeta Muhammad foi no lombo de al-Buraq, enquanto a passada do animal alcançava o horizonte e as estrelas brilhavam no céu sobre os desertos da Arábia e além.  Deve ter sentido o vento em seu rosto e ciente de seu coração recém-preenchido batendo em seu peito.  Imagine que sinais e maravilhas de Deus o profeta Muhammad deve ter visto naquela milagrosa viagem pela noite!

Footnotes:
[1] Ayaat, a palavra em árabe, tem múltiplas conotações: provas, evidências, versículos e lições.
[2] Saheeh Al-Bukhari
[3] Ibid.
[4] Saheeh Muslim
[5] Saheeh Al-Bukhari

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Arábia Saudita irá investir em ampliação e modernização da cidade de Madina

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A cidade de Madina vai ter uma grande reforma em breve, um grande número de projetos para o seu desenvolvimento já estão sendo implementados há um custo de mais de SR 100 bilhões.
 
 
 
 
 
 
A reunião do Conselho de Fiscalização do Centro de Pesquisa e Estudos de Madina, presidido pelo seu Presidente o príncipe herdeiro Salman bin Abdul Aziz, o vice Primeiro Ministro e Ministro da Defesa, aprovaram nesta quarta-feira um projeto de documentação vasta e abrangente sobre a história da cidade de Madina.O projeto será executado sob a supervisão da Fundação Rei Abdulaziz de Pesquisa e Arquivos (Darah).
De acordo com o projeto, todas as fontes audiovisuais históricas, incluindo manuscritos, fotografias e documentos dentro e fora Madina deverão ser aproveitados. A reunião aprovou um memorando de entendimento para a cooperação e parceria entre a Fundação e a prefeitura de Madina a este respeito. A reunião também aprovou a nova estrutura organizacional da Fundação. O príncipe Salman visitou uma exposição sobre os projetos da região de Madina, organizado pela Autoridade de Desenvolvimento de Madina no palácio do emir.
A exposição apresentou a nova expansão ordenada pelo Guardião das duas Mesquitas Sagradas o rei Abdullah para a Mesquita do Profeta (صلى الله عليه وسلم), que irá aumentar a capacidade da mesquita para mais de 1,6 milhões de fiéis. O projeto de expansão, a maior na década e da historia da mesquita, está orçada em mais de SR 75.000 milhões, incluindo os SR 25 bilhões a serem desembolsados ​​em aquisição de terras.

O rei Abdullah aprovou o plano final para o projeto e ordenou que os trabalhos sobre a expansão devam começar imediatamente, a fim de que ele seja concluído em menos de dois anos.
O príncipe Salman também foi informado sobre os principais projetos de habitação, educação, transporte, desenvolvimento urbano e saúde a serem implementados na região. O príncipe herdeiro assistiu a um vídeo de apresentação sobre a visão de futuro para o desenvolvimento da cidade e assinou um plano rodoviário que leva seu nome. O príncipe Salman chegou em Medina na terça-feira para lançar as comemorações de um ano para marcar Madina como a Capital Cultural Islâmica.
Depois de abrir a exposição Maaraz Al-Eiman em um complexo próximo a Mesquita Quba, ele visitou os pavilhões de exposição e também assistiu a uma mostra de fotos sobre a história da Cidade do Profeta Muhammad (صلى الله عليه وسلم). Dirigindo-se à grande cerimônia para marcar as celebrações, o príncipe Salman destacou o grande significado de Madina através dos tempos. "Este país foi honrado por Deus o Todo-Poderoso para ser a sede da Qibla (direção da oração) dos muçulmanos. O Alcorão foi revelado na língua árabe ao Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele) em Makkah, que abriga o Qibla, que é a Grande Mesquita. Estamos agora na cidade do Profeta (صلى الله عليه وسلم), onde migraram, é a cidade dos Al-Ansar (os defensores do Profeta صلى الله عليه وسلم) e Al-Muhajiroon (os imigrantes), de onde a mensagem de tolerância do Islam se espalhou por todo o mundo."

O príncipe Salman também falou sobre o maior cuidado e preocupação, dado pelo governo saudita em servir as duas mesquitas sagradas e amplia-las com os melhores serviços possíveis para o Haj e a Umrah dos peregrinos, bem como para os visitantes as mesquitas sagradas.
"O Estado foi fundado sobre a religião do Islam. Sua constituição, como indicado no Estatuto de Governança, é o Alcorão e a Sunnah do Profeta (صلى الله عليه وسلم). A conquista mais importante do rei Abdul Aziz e seus filhos, que o sucedeu é a segurança apreciada pelo seu povo, peregrinos, visitantes e residentes estrangeiros no país ", acrescentou.
A Rabat – Organização Islâmica para a Educação, a Organização para a Ciência e a Cultura (ISESCO) e a Organização de Cooperação Islâmica (OCI), escolheram Madina como a Capital da Cultura Islâmica para o oriente Médio em 2013.

terça-feira, 14 de maio de 2013

DIA DO ISLÃ - COMPAREÇA!



Essa é a data em que devemos olhar as nossas ações, fechar os olhos e sentir batendo em nossos corações o orgulho de pertencer a essa religião. Por isso, a UNI convida a comunidade para participar desse importante evento, que nos fortalece e nos une pelo verdadeiro elo do Islam.

Estão todos convidados!

Dia 18/5/2013 (sábado) a partir das 20h30.

Local: Salão de Eventos da Sobem Santo Amaro
Endereço: Avenida Yervant Kissajikian, 1.106

Fone: (11) 5563-8917
 — com Sheikh Mohamad Bukai.

Palestinos lembram a "Nakba" e denunciam ocupação israelense.



A agência palestina Wafa marca esta terça-feira (14) com notícias sobre a ocupação israelense e os protestos de palestinos, na véspera da Nakba (Catástrofe). Em 14 de maio de 1948, com o fim do mandato britânico sobre a região, o Estado de Israel foi declarado, e a Grã Bretanha retirou-se antes de garantir um Estado palestino, conforme o “Plano de Partilha da Palestina”, da ONU. Quase um milhão de palestinos foram expulsos das suas casas e terras, formando a maior população refugiada existente.

Os palestinos relembram a data (classificada por israelenses como o "Dia da Independência") e o 15 de maio, dia da Nakba, com protestos e manifestações contra a ocupação israelense dos seus territórios, tanto desde a criação do Estado de Israel quanto pelas ocupações expandidas durante a Guerra dos Seis Dias, ou Guerra Árabe-Israelense, em 1967, quando as forças israelenses anexaram territórios palestinos, jordanianos, sírios e egípcios.

Os protestos, apesar de frequentes, haviam se intensificado desde o começo desta semana. Nesta terça-feira (14), a agência palestina Wafa noticiou diversos incidentes de violência, enquanto as forças israelenses reprimem as manifestações, em sua maioria organizada pelos diversos comitês populares de resistência espalhados pela Cisjordânia.

O coordenador do Comitê Popular contra os Assentamentos e o Muro da Segregação de Al-Khader (no sul de Belém) Ahmad Salah disse à Wafa que as forças israelenses lançaram gás lacrimogêneo e bombas acústicas contra os protestantes, o que causou vários casos de asfixia e desmaios e levou a confrontos.

Segundo a Wafa, 10 palestinos das cidades de Jenin, Hebron e Nablus, na Cisjordânia, foram detidos pelas forças israelenses nesta terça, incluindo sete estudantes universitários. As detenções foram feitas após revistas às casas dos estudantes, todos com menos de 30 anos de idade.

Também houve denúncias de que jipes militares invadiram um bairro em Nablus, enquanto revistaram várias casas palestinas e prenderam um palestino de 23 anos, além de outros dois na área de Hebron. Ainda, fontes locais denunciaram atos de violência de colonos judeus vivendo na Cisjorânia, que cortaram oliveiras e incendiaram campos de trigo palestinos.


De acordo com dados da Oficina Central Palestina de Estatísticas (PCBS, pela sigla em inglês), neste 65º aniversário da Nakba, “os refugiados são quase metade da população palestina”: 44,2% da população total na Palestina, o que tecnicamente é chamado pela ONU de “pessoas deslocadas internamente”, ou “internally displaced people” (IDPs), em inglês, e 45,7% da população palestina total pelo mundo, segundo dados da Agência da ONU para Assistência e Trabalhos para Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), que contabiliza 5,3 milhões de palestinos registrados nesta agência em 2013.

A UNRWA informou que 59% dos refugiados vivem nos países vizinhos, a Jordânia, a Síria e o Líbano (região à qual o seu mandato para “assistência e trabalhos” se limita), 17% vive na Cisjordânia e 24% na Faixa de Gaza. Além disso, cerca de 29% vivem em 58 campos de refugiados, dos quais 10 estão na Jordânia, nove na Síria, 12 no Líbano, 19 na Cisjordânia e oito na Faixa de Gaza.

Entretanto, o PCBS ressalta o fato de que este número é uma estimativa para baixo, já que um grande número de refugiados não se registrou na UNRWA, e por isso não são contabilizados como tal. A condição palestina de refugiado é singular: pela continuidade da negação do seu direito à terra e ao Estado palestino, os descendentes dos refugiados são automaticamente reconhecidos como tal pela comunidade internacional.

Além disso, as estimativas da UNRWA tampouco incluem os palestinos expulsos das suas terras entre a guerra de 1949 e a de 1967, e não inclui os não-refugiados que foram forçados a partir pelas consequências devastadoras da guerra de 1967.



Mais de 800.000 palestinos foram expulsos das suas terras para a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, ou para países da região e de outros continentes. A população palestina mundial foi estimada em 11,6 milhões de pessoas em 2012, pela PCBS. Isso significa que a população palestina fora da Palestina multiplicou-se por oito nos 65 anos desde a catástrofe.

Um total de 5,8 milhões de palestinos vivem na Palestina histórica atual, e o número deve aumentar para 7,2 milhões até o fim de 2020, com base nas taxas de crescimento demográfico atual, de acordo com o a PCBS.

O número de palestinos que conseguiu ficar nas suas cidades e vilas em 1948, depois da Nakba, foi estimado em 154.000 pessoas, e hoje o número chega a 1,4 milhões de habitantes, 65 anos depois da catástrofe.

Em 1948, 1,4 milhão de palestinos viviam em 1.300 vilas e cidades na chamada Palestina histórica, ou seja, o total do território que inclui a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e o que é hoje o Estado de Israel. Os israelenses controlavam 774 cidades e vilas e destruíram 531 cidades e vilas palestinas durante a Nakba.

A Grã Bretanha havia ficado encarregada, como “tutora”, da divisão da Palestina entre judeus e palestinos, conforme o Plano da ONU, ou ainda “conforme o plano sionista”, segundo declarações menos públicas da comissão britânica encarregada. Desde a queda do Império Turco-Otomano, que colonizava a região desde o século 16, a Grã Bretanha exercia um mandato sobre a região, que incluía também a atual Síria, o Líbano, o Egito e outros territórios.

A ocupação israelense dos territórios palestinos atualmente se expande através de diversos mecanismos jurídicos e políticos desenvolvidos pelos sucessivos governos direitistas e sionistas (ideologia colonialista desenvolvida no fim do século 19 na Europa, que retoma equivocadamente valores judeus de uma “terra israelense”, segundo importantes historiadores em Israel), e com o desrespeito pelas resoluções da ONU que defendem o direito do povo palestino à autodeterminação, emitidas desde 1946.

Intervenção Político-Religiosa Nos 178 Anos Do Levante Dos Malês Na Bahia

Bahia
 

 
Por: Honerê Al-amin Oadq
 
 
 
Em Salvador – Bahia, existe um grupo político formado por militantes do movimento negro, (em sua maioria jovens e familiares das vitimas do racismo) chamado Quilombo Xis. Suas ações pautam a questão do genocídio da juventude negra e atua diretamente nos presídios baianos (denunciando o sistema que o conduz, ao mesmo tempo que viabiliza ajuda aos detentos e seus familiares). Já faz alguns anos que essa organização, através de uma de suas lideranças Hamilton Borges Walê, um grande irmão e parceiro nas lutas anti-racistas de nosso país, concretiza junto com o Sheik Abdul Hameed do Centro Cultural Islâmico da Bahia, recém homenageado pela câmara dos vereadores de Salvador, onde recebe o titulo merecido de cidadão Soteropolitano por suas expressivas contribuições ao povo baiano, uma parceria para realização de um grande evento no Centro histórico da Bahia, na sede do CEPAIA - Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos sobre o titulo: “O Reconhecimento da Comunidade Malê no século XIX”
Com a presença da Vice Prefeita de Salvador, Célia Sacramento (PV), dos vereadores Luis Carlos Suica (PT) e Silvio Humberto (PSB), e uma gama de militantes de diversas organizações soteropolitanas, a comunidade muçulmana pode expressar seus pontos de vista no que se refere ao levante dos malês, história que marca um período impar na luta pela liberdade, contra a escravidão e a imposição religiosa de uma forma diferenciada, trazida no inicio do século XIX por africanos muçulmanos que foram escravizados e que conduziram as principais revoltas na Bahia nesse período.
Além do resgate histórico, desde os impérios africanos e os conflitos estabelecidos, a passar pelo trafico atlântico, as primeiras revoltas, costumes e valores malês, conjuntura política baiana, chegando ao relato da revolta de 25 de janeiro de 1835, foi pautado pela comunidade a necessidade de resgatar essa história através de um Centro Cultural Malê que desse conta de resgatar uma das tantas mesquitas existentes na Bahia no século XIX, além de montar nesse mesmo espaço, um museu temático que inclua visitas nos locais onde o levante aconteceu com objetivo de resguardar essa história que, como o próprio pesquisador João José Reis, um dos maiores pesquisadores sobre o tema na atualidade, afirmou: “não ter ouvido nada sobre os malês, durante toda sua passagem no ensino fundamental e médio” demonstrando o grande risco de perder na história esse importante momento de luta e resistência africana-muçulmana em nosso país.
Além disso, ouve outra pauta apresentada correspondente à construção de um cemitério islâmico. Os muçulmanos Soteropolitanos, pedem as autoridades publicas “o direito de enterrar nossos mortos conforme tradição islâmica”, a pedir cooperação na viabilidade dessa demanda. O Quilombo Xis junto com o Centro Cultural islâmico da Bahia já vinha trazendo essa discussão na administração publica passada, e espera dessa nova gestão a possibilidade de continuar esse dialogo rumo a esse objetivo. O Centro de Divulgação do Islam Para América Latina, através do comprometimento de seu vice presidente, Ziad Ahmad Saifi, estará intermediando um dialogo junto ao Cemitério islâmico de Guarulhos para obter as condições técnicas e burocráticas para viabilizar sua construção seguindo os parâmetros determinados pelas leis brasileiras.
Penitenciaria Lemos de Brito
Com a intermediação do coletivo Quilombo Xis, estivemos no dia seguinte a palestra do CEPAIA, no pavilhão 2, junto ao projeto EntreMuros, (ação que traz atividades socioculturais aos detentos, e intermedia as relações junto a administração publica, e viabiliza auxilio aos familiares), um ato ecumênico e uma reprodução das falas relacionadas ao Levante dos malês.
A energia nos dada por essas pessoas e o respeito ao trabalho realizado pelo Quilombo Xis, faz qualquer um obter uma releitura muito mais abrangente sobre as relações que a sociedade deve ter ao sistema carcerário, que de um lado, não regenera ninguém custando fortunas aos cofres públicos, e de outro, falhando na construção de perspectivas viáveis e funcionais aos detentos que cumpriram suas sentenças para viabilizar mudanças concretas em suas vidas, evitando assim reincidências.
Além dessa intervenção, uma atitude por mim nunca vista, em meus 20 anos de militância político-racial, foi efetivada pelos detentos. Antes do inicio de nossas falas, Hamilton Borges Walê, comenta sobre um quilombo chamado Rio dos Macacos. Eles estão sendo severamente atacados pela marinha brasileira, dificultando o acesso de seus moradores, proibindo o plantio para sua subsistência, e agindo em prol da desapropriação total desses descendentes quilombolas. De fato, à centenas de anos, esses africanos se estabilizaram naquela região, através dos constantes combates a escravidão, tendo por si só o direito sobre a terra por serem gerações que ali sobrevivem sem prejudicar a natureza e seu entorno.
Dado a problemática relatado por Hamilton, os presos partem para essa atitude: “Nos somos tidos pela sociedade como o pior tipo de pessoa mais, mediante a essa necessidade de ajudar essa comunidade (quilombo Rio dos Macacos), que esta sendo atacada por essa mesma sociedade, e que por isso estão passando fome e tendo suas terras tomadas pela marinha brasileira, iremos mostrar a essa sociedade como recuperar sua humanidade através desse ato: Cada irmão doe, se possível, através de seus parentes, amigos, família, no dia de visita (sexta feira) 1 kg de alimento onde o Quilombo xis estará levando o fruto dessa campanha, diretamente ao Quilombo Rio dos Macacos, demonstrando nossa solidariedade e convocando as demais comunidades a tomarem a mesma iniciativa! Somos todos Quilombo Rio dos Macacos” .
Se lá é “o lugar mais próximo do inferno” como classifica um dos detentos, suas atitudes vem para refletirmos nosso papel nessa sociedade e até quando estaremos ignorando essa e tantas outras realidades que estão ocorrendo ao nosso redor sendo uma das causas de nossa atual situação.
Rogamos a Deus todo poderoso que possa ajuda-los a encontrar seu caminho de forma licita e funcional para trilhar uma nova vida junto a sua família e amigos. Rogamos a Deus pela comunidade Quilombo Rio dos Macacos que possa resistir e obter um resultado positivo desse processo que, antes de qualquer questão, envergonha todos aqueles que ainda tentam prejudica-los apagando sua história ao tentarem tomar suas terras.
Vinda longa o Quilombo Xis e Campanha Reaja ou será Morto, Reaja ou será Morta! Que Deus abençoe ao Centro Cultural Islâmico da Bahia pelo seu trabalho referencial a todos os muçulmanos no Brasil.
 
PAZ
 
Honerê Al-amin Oadq