Na maior onda de ataques contra a minoria religiosa, mais de 50 incidentes anti-muçulmanos têm sido relatados por toda a França, em menos de uma semana após o ataque ao semanal satírico Charlie Hebdo.
"A realidade da discriminação está nos alcançando”, Samy Debah, presidente do Coletivo Contra a Islamofobia na França (CCIF), disse ao The Local nesta segunda-feira, 12 de janeiro.
"Os muçulmanos estão com medo. Temo por minha mãe, por minha irmã. Eu moro em um bairro de classe operária e eu nunca imaginei que tais coisas pudessem acontecer."
O mais chocante foi o anunciado pelo Conselho Central dos Muçulmanos na França.
Entre os 54 incidentes anti-muçulmanos, houve 21 relatos de tiroteios e granadas atiradas em edifícios islâmicos, assim como 33 casos de ameaças e insultos, disse Abdallah Zekri, do CCIF.
CCIF é um órgão de acompanhamento no âmbito do Conselho Central dos Muçulmanos.
De acordo com Zekri, os números foram fornecidos pelo Ministério do Interior e não incluem Paris, seus subúrbios, nem a Mesquita Poitiers, incendiada no domingo.
“Uma extensão e número de ataques nunca vistos em tão pouco tempo”, disse Zekri.
O Coletivo Contra a Islamofobia na França também lançou uma campanha em seu site para ajudar a proteger os fiéis, pedindo ao governo para aumentar a mobilização de segurança.
Na segunda-feira, o ministro do Interior Bernard Cazeneuve enviou quase 4.700 policiais extras para proteger locais judaicos e comunidades religiosas ameaçadas.
Debah acrescentou que os planos de proteção de segurança da França devem ser expandidos para incluir lugares de culto muçulmano e lojas muçulmanas.
"Nós não acreditamos que estejam sendo tomadas todas as medidas para assegurar lugares de culto muçulmano ou para tentar encontrar as pessoas responsáveis por esses atos", disse ele.
Apesar de receber muitas mensagens positivas de solidariedade nas mídias sociais, Debah disse que "a unidade nacional" no domingo só durou a enquanto durou a manifestação.
A França deve agir com "firmeza", concluiu.
A França tem assistido a uma semana encharcada de sangue após uma série de ataques terroristas que deixaram 17 mortos na capital.
Vários ataques foram relatados nas últimas quarta-feira e quinta-feira em mesquitas e instalações muçulmanas em toda a França.
Mesquitas na Suécia e Alemanha também foram atacadas após o atentado.
Vendo o ataque ao Charlie Hebdo como uma traição da religião islâmica, líderes de países e organizações muçulmanas em todo o mundo juntaram-se a condenação do ataque, dizendo que os terroristas não devem ser associados ao Islã.
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